No próximo dia 6 de Março podemos assistir a uma performance única de Tomaz Hipólito, Reset 00, na Galeria Cristina Guerra Contemporary Art.
Pequenas epifanias quotidianas
O percurso subterrâneo de Tomaz Hipólito tem vivido num estranho limbo entre arte e arquitetura que perpassa pelas várias possibilidades que tem vindo a desenvolver, quer no uso do desenho, da fotografia, do vídeo, da performance ou da escultura. Nenhum destes nomes, no entanto, lhe serve muito bem, porque, em cada uma destas práticas artísticas, as suas regras de conceção e realização se regem por protocolos que lhe são estranhos: faz fotografia mas não é fotógrafo, interessa-se pelo espaço mas não é arquiteto, faz desenhos e pinturas mas não é pintor. O que reúne esta multiplicidade de procedimentos?
O ponto comum entre estas práticas é um interesse indisciplinado pela arquitetura que se converteu num interesse pelo espaço tomado de um ponto de vista que, ora é fenomenológico, ora é concetual (isto é, surge sob a forma da demonstração de uma ideia).
A performance que agora se apresenta no espaço da Galeria Cristina Guerra representa uma outra forma de concretização da relação de mapeamento do espaço. Muitas vezes essa descoberta é uma micro-ficção que pontua uma ordem que a transcende – uma paisagem nos Açores, Death Valley, os telhados de Nova Iorque, outras vezes é o léxico de um gesto quase didático, ou revelador de uma aprendizagem metódica, que parece colidir com um determinado estado-de-coisas, como acontece nas imagens dos ateliês dos arquitetos. Em qualquer dos casos, é de pequenas epifanias que se trata. Que mais interessa?
Delfim Sardo
Rua Santo António à Estrela, 33 (última entrada às 22h15)